Antes da chegada da primeira emissora de rádio em Feira de Santana, os alto-falantes na cidade já cumpriam o papel de rádio: de informação, propaganda e diversão.
Naquela época, a Bahia contava apenas com duas emissoras: a Sociedade e a Excelsior, ambas na capital Salvador.
Em Feira de Santana, essa história começa em 1935, quando as ruas da cidade ouviram pela primeira vez um anúncio convidando a população para assistir ao espetáculo de um circo, situado no atual Colégio Padre Ovídio (Av. Senhor dos Passos).
Essa aparição não passou despercebida e fez com que comerciantes locais aderissem a prática; instalando suas próprias cornetas pela cidade: seja em áreas estratégicas, seja em seus próprios comércios.
Os alto-fantes mais famosos
Dentre os alto-falantes mais populares da cidade o destaque vai a Voz do Sertão, porque trazia programação variada, desde recitais de poesia a shows de grandes artistas de época (anos 1930-40), a exemplo do memorável Luiz Gonzaga.
Tudo isso a partir dos esforços do proprietário, o comerciante Clarival Washington de Souza (o Dudinha), dono da loja Pires, localizada na rua Conselheiro Franco, mesmo local da Voz do Sertão.
Havia também um serviço de som com nome semelhante, a Voz da Princesa, de Antonio Alves Vitoria — um locutor esportivo que ficou conhecido na cidade como Ligosa.
A figura ganhou esse apelido porque no evento de inauguração do Cine íris, 3 de março de 1946, Antonio (incumbido de apresentar o evento) trocou Lewgoy por Ligosa, ao se referir ao saudoso artista José Lewgoy e o engano ficou.
Ligosa manteve sua instalação em princípio no Centro da cidade, depois apostou no carro de som até a Voz da Princesa se estabelecer no atual Estádio Joia da Princesa, onde permanece sob o comando de Kleber Vitoria, filho de Ligosa.
Por falar em carro de som, o primeiro veículo de Feira de Santana foi um Jeep apelidado de Topa tudo.
O teste para a primeira rádio em Feira de Santana
Na época de ouro dos alto-falantes em Feira, não havia uma rádio na cidade. Quem detinha um aparelho em casa (era caro) só escutava notícias da capital.
Mas Feira é diferente e foi na Micareta de 1948 que o conhecido comerciante da época, Pedro Matos, inventou um concurso de marchinhas em parceria com Dudinha da Voz do Sertão.
Funcionando da seguinte forma, para participar precisava ser artista local e, em troca, o prêmio era a gravação das composições e a sua propagação na Voz do Sertão.
Mas não parou por aí, no dia divulgação das marchinhas ganhadoras, Pedro Matos, ainda conseguiu transmitir o áudio no equipamento no rádio da Polícia Militar.
Dessa forma, quem possuía um aparelho de rádio conseguiu ouvir o resultado do curso onde estivesse!
Depois do sucesso do concurso, nas ruas e nas ondas do rádio, Pedro Matos seguiu para o Rio de Janeiro (capital federal da época), adiquiriu o material e instalou a primeira rádio do interior do estado, a Rádio Sociedade, em 7 de setembro de 1948.
Localizada no Edifício Capirunga, na praça Fróes da Mota, especificamente na rua Tertuliano Carneiro.
Com transmissor de 250 watts situado numa torre de 46 metros no bairro Queimadinha, na atual rua Aloísio Resende e o lema: “A Serviço do Interior e da Pátria”.
Tá com pressa? Assista ao vídeo abaixo e conheça a história!
Até a próxima!
Fontes de pesquisa
PORTO, Zadir Marques. O Rádio AM em Feira de Santana: sua história… — Feira de Santana. 2017.
Como surgiu a inesquecível Ligosa. FOLHA DO NORTE [online], Feira de Santana, 28, fev. 2019. Social. Disponível em: <https://docplayer.com.br/131250304-Folha-do-norte-site-folhadonortejornal-com-br.html >. Acesso em 07 jun. 2022.
FREITAS, José Francisco Brandão de. Reminiscências de Feira de Santana de José Francisco Brandão de Freitas — Feira de Santana: PrintMidia. 2013.